segunda-feira, julho 03, 2006

Julgar não é tão natural quanto se pensa ser...

Depois de uma conversa ontem (02/07), fiquei me perguntando, por um longo tempo se julgar é algo assim tão natural.No meu ver e lendo alguns livros para me embasar nisto que estou escrevendo, posso falar que não é algo natural, não. E sim um produto da nossa vida cotidiana, perpassada pela cultura e família e condicionados pelas mesmas.

Não estou dizendo que devemos então nos privar de classificar, julgar ou categorizar acontecimentos, eventos e coisas. Isso é necessário à vida diária.

O problema é quando fazemos isso com pessoas, ainda mais porque isso é fortemente embasado no perfil que criamos dela, no pré-conceito que estamos tão acostumados a realizar. E não me excluo desta lista, não. Humanos, somos todos, cada qual a sua forma.

O que me motivou a vir escrever isso aqui é o fato de ao menos tentar fazer diferente, de tentar não enquadrar alguém naquilo que julgamos melhor, porque é o melhor pra nós e não para o outro. E sim, é um “puta” trabalho intelectual e cognitivo despreender-se de valores que muitas vezes estão tão arraigados que nos identificamos ao ponto de acreditar que isso é verdadeiramente nosso, da nossa natureza.

Seguir modelos pré-estabelecidos nos deixa em terreno seguro, mas impossibilita o contato verdadeiro com o outro que nos “toca”. Procuro manter isso em mente, e tenho notado grandes mudanças em minhas prioridades e tratamento com o humano, e comigo mesmo.

Críticas são inerentes à convivência com outras pessoas, mas sejam elas duras de ouvir ou extremamente construtivas, o tom que se é empregado ao fazê-las é que realmente importa, ele vai qualificar a escuta que o criticado vai fazer e possivelmente evitará desconfortos por palavras mal entendidas.

Se há duvida sobre o que eu falo, proponho um simples experimento: use um tom grosseiro/agressivo com uma pessoa qualquer na rua, para avisar que ela não pode atravessar a rua porque tem um carro desgovernado vindo em sua direção e depois me conte qual foram às conseqüências do tal ato. Posso apostar que se não levar um bofetão, ou “um grande desaforo pra casa”, irá receber a maior das penalidades: será sumariamente ignorado.

E assim reagem todos os homens, então imagina quando se tratar de uma crítica?!
Terá um efeito ainda mais ensurdecedor, se feita de modo grosseiro, arrogante e agressivo.

Geralmente o melhor é construir amores, amizades e vínculos. Desfazê-los, pelo prazer em criticar só leva a uma condição existencial: a exclusão.

Aí o que resta a gente já sabe.

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