quarta-feira, junho 17, 2009

Decepção.

Decepção mutila.
Ela se agarra em você e torna o dia mais ensolarado em um breu cinza. Vem de mãos dadas com a tristeza, em um casamento quieto.

Você sente que algo simplesmente quebrou dentro do peito, em silêncio, sem nenhum alarde ou raiva. Ficou apenas uma vazio que você acreditava que ia embora com algumas boas horas de sono.

Mas aí, ao acordar você descobre que ele está ali, mudo e olhando calmo. Imóvel. Assim naquele momento ou momentaneamente por algumas horas ou dias, você para de se importar. Amortece os sentimentos carinhosos. Entra na casca e fecha a porta sem remorso. fecha e tranca.

Toda impolgacão e planos, toda beleza e toda a ansiedade gostosa da espera desaparecem. Tanto faz, tanto fez. Só sobra o fazer automático.
Bom, aí vem um padrão, que você esqueceu por um ano todo e que parece, eu disse parece, que vai se repetir.

E assim aumenta o silêncio. E as lágrimas quando está sem ninguém por perto. Afinal uma hora se perde até a disposicão para chorar na frete de alguém, por mais emotivo que se seja.

Bate uma inconformacão, já bem velha e pasmem, conformada com o andar da carruagem.

E dá um frio, alguns arrepios. E bate uma vontade de cancelar o resto que estava programado, seja desse evento ou seja de outro importante que vem. Não tem mais tanta importância e o incômodo parece sobrepor a parte boa.

Com certeza alguém vai achar, falar, pensar que é mais um blefe. Vai passar o tempo, a chateacão vai ceder e tudo vai voltar ao colorido.
Quase tudo vai voltar. Você pode até concordar em realizar e estar feliz no momento, mas o pedaco morto estará lá. Seco. Duro como pedra.

A certeza de que o que você faz ou fez, de certa forma, nào vale nada além do que de fato é. Não importa quanto e tamanho foi o empenho, o carinho, o gasto... a luta. Perde-se o ritmo.

Não era reconhecimento que você procurava. Com certa idade isso nem se aplica mais. Era respeito. Aquele que você emprega com responsabilidade pelos sentimentos e vida alheia.

E chega o momento em que você para de sentir e se importar. E até acha que será violento e lhe tomará de assalto. Mas vê que não. Que chega calmo e se instala. E você deixa pra lá, e comeca a não se importar mesmo. Pontua e encerra.

Seu coracão deixa aos poucos de ficar apertado e você finalmente desiste. A chateacão passa, mas a marca fica.

A marca sempre fica.